domingo, 25 de dezembro de 2011

Sunday, sweet sunday!

Não te aflijas com a pétala que voa: 
também é ser, deixar de ser assim.


Rosas verás, só de cinza franzida,
mortas intactas pelo teu jardim.


Eu deixo aroma até nos meus espinhos,
ao longe, o vento vai falando em mim.


E por perder-me é que me vão lembrando, 
por desfolhar-me é que não tenho fim.
 (4º Motivo da rosa- Cecília Meireles)


Revigorar-se com um livro de poesias (um precioso presente) que contigo conversa, e conta segredos como o de viver mudanças. Sentir o cheiro da chuva em suas primeiras lágrimas a dar vida à terra. Balançar-se suavemente n'uma rede e deixar parecer que é o vento que brinca. Ter a família ao lado, ver todo bem 'apesar de'. É o que me basta para viver bem um dia, como se fosse a vida inteira.A cada dia morremos um pouco... Uns logo já dramatizam seu fim, outros aproveitam tudo o que ainda têm de bom! 'É' preciso renascer e deixar-se ressurgir a cada dia! 
Quero ser, deixar de ser!




Ah, esses meus pensamentos... bons companheiros dos finais de tarde!

sábado, 17 de dezembro de 2011

Tempo, tempo...

Era ela, pequena menina, cabelos curtos, tão finos que ainda dançavam fragilmente com o vento, de perninhas finas e quase quebráveis. Corria atrás do pequeno filhote que acabara de ganhar, explorava todos os cantos do quintal de cimento remendado.  Outra...
No Ano Novo, vendo toda família reunida uma ultima vez, com um vestido branco feito a mão pela mãe. Cartazes de bons desejos, mesa farta, irmãos tocando e pai cantando, sono. Dormiu antes d'outro ano chegar. Novamente...
Decorando quatro versinhos antes de apresentar-se junto a outras crianças. Versos que falavam sobre Tiradentes. Usava seu vestido preferido... Ao mesmo tempo, o que mais penicava. Recitou com a voz trêmula. Depois seus pais a levaram a praça para brincar e tirar fotos. Mais... Muito mais vem à mente.
E piso em todos os lugares que já vivi. O passado não volta. Continuo caminhando no limite do que é presente e futuro. Todo olhar sempre é uma nova perspectiva a se revelar. Já não olho com os olhos que enxergavam há anos atrás. O que fica é a lembrança: um cheiro, um gosto, um gesto. Os rostos já mudaram, os abraços mudaram sua exigência de conforto. O amor se diferenciou. O coração e as pernas continuaram a tocar a vida do resto do corpo. 
Que eu possa continuar vivendo com pequenas e saborosas colheradas. O final chega, inevitável e algumas vezes brutal. Mas quero olhá-lo e suspirar satisfeita da vida que vivi!


Não preciso correr, sinto e absorvo as pedras e flores do caminho.