segunda-feira, 28 de março de 2011

Por esses dias, enquanto caminhava, percebi que minha vontade por querer correr não se explicava em si... Descobri que ansiava por querer correr para fugir de mim, de minhas paixões cheias de culpa, dos pesos que carregava; o minuto essencial que faz qualquer um querer abandonar tudo, dizer basta! a tudo o que limita, pesa, cega, emudece. Percebi também que não conseguia correr, explicado nessa fuga, pois meu pessimismo pesava minhas duas pernas; obrigava-me a olhar para o chão enquanto toda minha vida passava e se perdia na minha frente, se desprendendo aos poucos de meus dedos sem que ao menos eu me permitisse perceber. Percebi que quando pensei isso, minha garganta deu um nó, olhei para frente, tive o sol já queimando meu rosto e cegando meus olhos, o sol que nego por querer me passar calor... Meu orgulho, que algumas vezes desconfio ser medo, recusa-me algumas vezes o calor...
Depois disso, com a visão já 'acostumada' com aquela luz, me permiti correr, pelo menos um pouco... e com pisadas fortes, para que tudo aquilo que atrasava minha vida se desprendesse e ficasse para trás... para onde eu nunca olho...

Descobri que tenho que aprender a fazer mais isso...

Descobri que tenho ainda muito mais para deixar para trás.

terça-feira, 22 de março de 2011

Luto

Ontem o sol amanheceu opaco, ele já sabia que o dia seria triste e cansativo...
Esperamos a morte, mas nunca a aceitaremos na prática... é 'normal', mesmo que incômodo.
Chorei, por aquele que 'foi', e por aqueles que ficaram... pelos olhares que buscavam guardar uma última imagem de paz, pelas bocas que murmuravam por interseção. No fundo sei que ele ainda vive em memória e atos, em cada geração que há e que vier; o que há de se enfrentar ainda é a falta física...

Pelo meu vôzinho,
Por todos os outros que se foram,
E por nós, que aqui esperamos...


terça-feira, 15 de março de 2011

Tanta coisa...

Tenho sentido uma ânsia de escrever sobre tantas coisas... Poesias, Sentimentos, Tristezas, Críticas, Desabafos, Inutilidades... tudo se resumindo a essa ardência no coração e no pensamento que me fazem querer vomitar tudo o que restou de mim e o que nunca foi meu... Ao mesmo tempo temo que tudo isso seja fruto de minha loucura inventada, da minha ilusão convencida de ser complicada... Entende? Não?!
Como diria Clarice Lispector: " E se me achar esquisita, me respeite também, até eu fui obrigada a me respeitar."


Deixo meus sentidos e experiências tão a vontade, que eles fazem uma festa dentro de mim... É a imagem da paisagem com neblina na volta para casa, é a música que por um instante me faz esquecer tudo que me preocupa, é o medo* contidamente(existe?!) latejante, é a saudade ** misturada com carência, minha consciência me dando bronca por tanta frescura e 'fraqueza' (como por exemplo esta de agora...), minha fé lutando contra meus momentos de desânimo, é a leitura de textos que me deixam mais e mais apaixonada pela Psicologia, poesias que conversam com meus pensamentos, trechos do livro que se encaixam em minha vida... Sinto à flor da pele a minha vivência... E esse sentir mistura-se num aspecto de prazer e dor... Um sentir que reclamo e ao mesmo tempo amo querendo sempre guardá-lo e algumas vezes mostrá-lo ao mundo... Algo que me engana fingindo ser fraqueza, mas que sempre descubro ser minha fortaleza... O que me assegura diferenciar-me de tudo o que insiste em ser peso morto, inerte e passivo em um mundo que em si, declara ser puro movimento...


"Tente. Sei lá, tem sempre um pôr-do-sol esperando para ser  visto, uma árvore, um pássaro, um rio, uma nuvem. Pelo menos sorria, procure sentir amor. Imagine. Invente. Sonhe. Voe." (Caio Fernando Abreu)










*Uma poesia que se encaixa perfeitamente "Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.
Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer nada." (Vladimir Maiakovsky)  Direitos de Indicação: Fábio rsrs (.: obrigada)

** Como a história que a prof. de História da Infância e da Família nos contou em que a criança com medo, no quarto escuro,  pediu para que a mãe falasse, qualquer coisa que fosse, mas falasse; e quando contestada pela mãe por esse pedido (ao invés de pedir para que simplesmente se acendesse a luz), explicou que tudo se iluminava quando a mãe falava... A falta das pessoas é como estar em um quarto escuro, em silêncio, e saber que não há ninguém para iluminar naquele momento... Assim penso.


Enfim...

terça-feira, 8 de março de 2011

Nosso Dia...

Que não só hoje seja considerado o dia da mulher... mas que todo dia elas (nós) tenham um lugar em nossa consideração. Por aquelas que nasceram, choraram, sorriram, cresceram mulheres... Por aquelas que lutam, esbravejam, gritam, choram e se mostram frágeis com uma doçura que ao mesmo tempo é fortaleza... Por aquelas 130 mulheres que morreram carbonizadas dentro de uma fábrica no dia 8 de março de 1857  e por aquelas que ainda morrem um pouco todos os dias com a exploração da mão de obra barata, com os salários baixos e com todos os tipos de abusos dos quais são sujeitas. Por aquelas que são apedrejadas, chicoteadas... Por aquelas que são produtos baratos em beiras de pistas... Por aquelas que sofrem mutilação... Por aquelas que não têm o direito de escolher a quem amar...
Por todas essas mulheres, que apesar de serem símbolo de fragilidade, sofreram e sofrem muito mais por lutar na conquista de espaço e direitos,
as vozes que nunca serão caladas...

terça-feira, 1 de março de 2011

Pelas pequenas causas

Por esses dias, enquanto caminhava de manhã para tomar um ar e refrescar as ideias, presenciei uma cena a qual a maioria acharia estranha ou incomum: enquanto uma menina passava com seu material escolar em mãos um senhorzinho começou a falar ' bons estudos, que Deus te abençoe e que seus sonhos se realizem' (senti muita saudade e vontade de abraçar meus avós nessa hora) isso num tom alto pois ela estava um tanto distante. Não pretendo e nem é de direito meu discutir intenções nesse tipo de atitude, mas acostumamo-nos a nos assustar quando alguém, ainda mais alguém que não conhecemos e que provavelmente não nos conhece, nos deseja coisas boas. Não digo que a moça deveria responder no mesmo tom ou tomar alguma atitude positiva quanto a isso, até porque eu também faria a mesma expressão tímida e responderia no mesmo tom baixo e quase inaudível... Mas... Por quê?! Por que temos vergonha de oferecer um sorriso? Por que temos medo quando alguém nos oferece um sorriso?! Por que temos tanto medo da possibilidade do bom desconhecido?! Nos contemos em nossos muros conhecidos, nas faces conhecidas, no mundo que podemos dominar, e qualquer um que queira apenas contribuir com a possível felicidade desse mundinho é ignorado e visto como ameaça... O mundo é ameaçador, por isso  nos contentamos com mesmices que nos dão segurança, sentimentos superficiais que nos passem um pouco de calor...
Não serei ingênua afirmando que o mundo é pura paz e amor e nem que devemos nos arriscar em lugares realmente inseguros... mas, ao invés de nos escondermos em nossos quartos seguros, por que não buscamos lugares em que a violência, abuso e dor não corromperam ainda? Por que não arriscamos?! Medo que ofereça algum risco a vida?! Trancar-se em um quarto é ter vida?! O que é viver? Qual o limite dos nossos medos?! Essa ultima questão serve tanto a mim, pois temo tanto, por tantas coisas... mal cabem no meu coração e nos meus pensamentos, muito menos aqui...
Mesmo sendo tímida, costumo desejar bons dias, tardes ou noites aos que encontro pela frente, principalmente aqueles que aparentam precisarem ouvir algo relacionado a um desejo otimista, assim como algumas vezes eu também preciso e até anseio, e vejo nos sorrisos agradecidos minha força para querer acordar em um mundo melhor... Mas sei também que eu mesma preciso lutar muito mais por essas causas que carrego como ideais...


Sei que não adianta muito escrever essas coisas atualmente, pois não nos chocamos ou paramos para refletir mais tão facilmente, mas, por que não tentar?! Um primeiro passo, pode nos levar a outros, e quando vemos, podemos ter chegado longe e superado nossas próprias expectativas... então, Por que não?!