segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O que lateja é a cabeça, o peito, o passo.
Os olhos que não vêem o caminho, a mão que não se apóia no abismo.
O mundo que gira independente dos nossos gritos.
Os gritos...
Doces, aos costumes dos que são calados.



Entendi que sou o que quiseram fazer de mim,
Sou só, neutra, calada, ser impessoal.
Com o andar apático, o olhar no chão, 
sorriso arrancado, forma de não compartilhar qualquer motivação.
Aprendi a temer minha imagem, a negar ajuda e a desconfiar das velhas promessas de paz.
Aprendi a não aprender mais do que o necessário para que eu fosse útil,
para que eu fosse aceita.
Aprendi a ser Normal.


A cabeça pesa e o corpo empurra.
As mãos cansam e as veias latejam.
Os pés descalços sentem o chão a roubar o que já foi calor.
Os olhos cansados correm o chão sem sustento.
A vida que acaba independente das nossas lágrimas.
O sal que nos cai, sustenta nossos dilúvios.
As amarras que criamos para nossas mudanças,
São as nossas maiores confidentes.
E os braços que tentavam dissipar qualquer dominação
Hoje almejam tudo o que no mundo fora do seu, nunca lhe pertencerão.


Quando vi tudo o que não sou, tudo o que me negaram,
A moral bateu nos meus ombros e me deixou
E eu que sempre fui só,
via-me agora só.
O frio teve mais importância, o chão ganhou justificativas,
Sempre esteve sob nossos pés, aguentando fardos.
O mundo re-virou, viraram detalhes,
Como o pingente que eu nem reparei que carregava sobre meu peito.
Como as lembranças que eu sempre neguei carregar...


Hoje,
sonho.

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